25.1.07

vestido-baile

...e botou o vestido-baile: na frente do espelho, segurou nas mãos, deu altura, o vestido soprava por causa do ar que a noite trazia pela janela e ganhava os contornos, de uma mulher assim, de uma mulher outrossim, de uma mulher acolá, de uma mulher lá, quando a valsa da esperança deu as primeiras notas, e o vestido, os primeiros passos; rodou no salão, perdeu as formas, ganhou na valsa o traço de riso de vestido, era um vestido da cor da rosa, e não, era lilás; olhou o espelho, e o espelho viu - que liso o tecido dando voltas! - e o espelho corou, a pele enrugou, do riso de ver o vestido de rosa; que rosa, não, era lilás, corou o vestido, vestiu o rosa, deu altura, cumprimentou; os contornos sopravam - não era por causa do ar que a noite trazia; de uma mulher em si, quando soaram as últimas notas, fecharam-se as portas do salão, perdeu-se o passo no risco que o vestido fazia, no chão; olhou o espelho, corou.

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