de costas
escuto
o mar
tem som bruto
e quando escorre na areia
a espuma
leva tocos, tatuíra, alga, concha
espécies, qualquer uma
vai o mar
desenrola devagar
tua faxina diurna
arrasta contigo
as crostas
grudadas às minhas costas
5.10.08
9.9.08
c h u v a
C h u v a
É derramar água do céu
Desarmar o céu
E os meus pensamentos
O relâmpago acende
Esta palavra sola
O ritmo do coração
É do tiesto
Tenho um coração novo que bate com pressa
E desnorteado
Será pelas ondas do mar
Que me engolem de noite quando durmo
As coisas estão molhadas
As toalhas
As lajes
As pedras
As plantas
Os fios
A areia
Os muros
Os telhados
As casas por fora
Os buracos
As tendas
Os estacionamentos
A praia inteira
C h u v a
é acender relâmpago
Dissolver a palavra
Ritmar o coração
Ter coração novo
Marejar as ondas
Engolir a noite e o sono
Molhar as coisas
Esconder o céu
Esconder-me
E a praia inteira
Ouço vozes da televisão
Limpo com panos a cozinha
Cubro os ombros de xale
Aqueço os pés
C h u v a
É ouvir vozes
Aquecer as ondas
Limpar a palavra
Cobrir o relâmpago
Esconder os panos
Molhar o coração
Derramar o xale
Desarmar os pés
Bater a solidão
Marejar as coisas
E a praia inteira
É derramar água do céu
Desarmar o céu
E os meus pensamentos
O relâmpago acende
Esta palavra sola
O ritmo do coração
É do tiesto
Tenho um coração novo que bate com pressa
E desnorteado
Será pelas ondas do mar
Que me engolem de noite quando durmo
As coisas estão molhadas
As toalhas
As lajes
As pedras
As plantas
Os fios
A areia
Os muros
Os telhados
As casas por fora
Os buracos
As tendas
Os estacionamentos
A praia inteira
C h u v a
é acender relâmpago
Dissolver a palavra
Ritmar o coração
Ter coração novo
Marejar as ondas
Engolir a noite e o sono
Molhar as coisas
Esconder o céu
Esconder-me
E a praia inteira
Ouço vozes da televisão
Limpo com panos a cozinha
Cubro os ombros de xale
Aqueço os pés
C h u v a
É ouvir vozes
Aquecer as ondas
Limpar a palavra
Cobrir o relâmpago
Esconder os panos
Molhar o coração
Derramar o xale
Desarmar os pés
Bater a solidão
Marejar as coisas
E a praia inteira
9.7.08
17.6.08
16.6.08
kg
"Sabe o que é, adorada Mary, ter sete cabeças e duas mãos? É claro que sabe. neste momento, tenho sete cabeças e apenas duas mãos, e estas duas mãos estão queimando como fogo. Quando minhas mãos queimam, fico sem palavras.
assim é que, como vê, estou mudo. Mas canto sua última carta, com todas as bocas de meu coração. Sim, Mary, meu coração tem muitas bocas, e todas elas são capazes de beijar suas mãos e de cantar suas cartas.
(...) uma sede de algo que me é desconhecido. Gostaria de poder ir para os campos e crescer com as flores.
Kahlil"
in O grande amor do profeta, carta de abril de 1913
assim é que, como vê, estou mudo. Mas canto sua última carta, com todas as bocas de meu coração. Sim, Mary, meu coração tem muitas bocas, e todas elas são capazes de beijar suas mãos e de cantar suas cartas.
(...) uma sede de algo que me é desconhecido. Gostaria de poder ir para os campos e crescer com as flores.
Kahlil"
in O grande amor do profeta, carta de abril de 1913
21.5.08
17.5.08
5.4.08
4.4.08
3.4.08
2.4.08
lá vem ele
zero zero e quarenta e sete a quilometragem avança avisa que o sinal alcança só de milímetro a milímetro que o cardinal rota enquanto suspende outro giro e que a bússola marca zero zero e quarenta e oito convém comer biscoito cantar mandinga saltar em oitos suar de tanga partir nas bordas voar queimada soar calçada e receber este sol na cara
1.4.08
ao perder a noção da hora
sou um homem comum, qualquer um
- reza letra de música do caetano veloso
veloz o vento que me trouxe
mais veloz ainda eu
velosa, volátil, vociferada
vértice que incandesceu no ar
e deu aqui
vibro pouco na velocidade
o atrito pode ser fatal
ventilo
vagabundeio
vazia
voz me repete:
sou um homem comum
sou qualquer um
- reza letra de música do caetano veloso
veloz o vento que me trouxe
mais veloz ainda eu
velosa, volátil, vociferada
vértice que incandesceu no ar
e deu aqui
vibro pouco na velocidade
o atrito pode ser fatal
ventilo
vagabundeio
vazia
voz me repete:
sou um homem comum
sou qualquer um
1.3.08
13.2.08
antigo mas de agora
tão antiga a última entrada
já virou cantiga
e agora
para desaguar
na saída
escrevo
em fevereiro 2008:
em porto alegre não faz calor
em aviões se perde a noção
o bem é descomprimir nos intervalos
ouvir o canto do galo
saudar
o ser e o não
apenas questão de opinião
hoje está madrugada, cozinha, banho, robe, sapato jogado num canto
esteio, iogurte, seda, lavanda
uma mesma idéia anda
e outra vem pelo avesso
já virou cantiga
e agora
para desaguar
na saída
escrevo
em fevereiro 2008:
em porto alegre não faz calor
em aviões se perde a noção
o bem é descomprimir nos intervalos
ouvir o canto do galo
saudar
o ser e o não
apenas questão de opinião
hoje está madrugada, cozinha, banho, robe, sapato jogado num canto
esteio, iogurte, seda, lavanda
uma mesma idéia anda
e outra vem pelo avesso
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